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Clássicos - Cães de Aluguel


Confesso que não era fã de Quentin Tarantino. Não gostava de seu estilo, tanto como cineasta como roteirista. Quando assisti Pulp Fiction há um tempo atrás, comecei a gostar de seu estilo, mas é claro, que eu achara que aquilo era apenas um golpe de sorte (e que golpe!) do cineasta. Confesso também que não conhecia até então sua primeira obra-prima Cães de Aluguel. Não gosto de Kill Bill, achei seus filmes posteriores medianos e ainda não assisti Bastardos Inglórios. Posso dizer que eu sou um quase fã de seu trabalho, ou então, apenas um apreciador. Com Cães de Aluguel foi que eu realmente passei a gostar do trabalho de Tarantino, confesso-lhes, com muita vergonha, que fui assisiti-lo apenas há dois dias, justamente por causa disso que acabei de lhes dizer: não era fã.


O cinema de Tarantino é para poucos. É, como diz uma grande amiga minha (que faz parte desta fiel equipe), ame-o ou deixe-o. Já passei pelas duas fases: já odiei seu trabalho, e já amei (ou amo). Sua violência gráfica, seu roteito provocante e repleto de diálogos pode incomodar os fracos e as mentes fechadas de certas pessoas. Seus diálogos incisivos, perfuram a carne, mexem com as entranhas e chagam ao ápice: fazer-nos pensar. Sua violência exagerada tem que ser vista e analisada de apenas uma maneira: com a mente aberta, afinal, é realmente difícil engolir a quantidade exacerbada de sangue resultada de um tiro acidental dentro de um carro em Pulp Fiction ou a quantidade de sangue que o personagem de Tim Roth perde ao decorrer deste Cães de Aluguel. Essa violência, dependendo do ponto de vista, pode ser vista como metáfora, como crítica, mas nunca como violência gratuíta. Creio, ou quero crêr, que esta violência tenha seu motivo. Tarantino, é também, um sujeito convencido. Usa seu nome para promover filme e auto-intitula filmes seus como obras-primas. Será isso uma falta de humildade ou sinal de que a fama subiu a cabeça?

Para se ter idéia da originalidade e da, digamos, loucura de Tarantino, o primeiro diágolo é sobre uma música de Maddona. É surreal ver um bando de assassinos e ladrões discutindo a discografia de uma cantora como Maddona. Só Tarantino para ter coragem para tal. O longo diálogo alterna cenas engraçadas com um verdadeiro debate sobre a música. Logo, a seriedade dá sinais de vida. Surgem os créditos iniciai e originais, sim, pois os iniciais parecem os finais. Depois dos créditos, somos levados para dentro de um carro todo ensaguentado(!), no banco de trás: um dos ladrões(Tim Roth), ferido. No banco da frente: um dos ladrões (Harvey Keitel), ileso. Ambos: fugindo, afinal, o roubo dera completamente errado, uns morreram, um foi ferido (Roth), um se perdera do outro. O ponto de encontro após o roubo é um galpão. E é pra lá que Mr. Orange (Roth), Mr. White (Keitel) e Mr. Pink (Steve Buscemi) vão. Lá, enquanto Mr. Orange balbucia bobagens e geme de dor, Mr. White e Mr. Pink discutem a possibilidade de um delator no grupo. O diálogo é longo, porém muito inteligente. Ora acreditamos na existência do traidor, ora não. Esse é um dos poderes de Tarantino: mexer com nosso sentidos. A cada segundo o clima de desconfiança aumenta, afinal, não sabemos quem é o delator, quem está mentindo, quem está falando a verdade. Neste meio tempo, somos levados a flashbacks que mostram como cada um dos ladrões foi recrutado ao roubo. Não posso comentar sobre o melhor dos flashbacks, pois assim estragaria o final da história. Cada flashback é encaixado com perfeição no roteiro. Tudo é bem escrito e bem conduzido. Destaque para o flashback que mostra a primeira reunião "séria" do bando, quando o chefão Joe diz quem será quem no roubo, dando para cada ladrão um codinome, e esse codionomes são cores (orange, white, pink...), e é claro que o personagem de Buscemi não gostou nada de ser o Mr. Pink, nesta cena, uma muito bem escrita e engraçadíssima discussão começa, confirmando toda a originalidade do cineasta, logo no início do filme, notei que nenhum deles chama-se Mr. Black, o que achei bem estranho, o que depois é explicado pelo chefão da seguinte maneira:

-Da primeira vez eu deixei que escolhecem os nomes, mas todos quiseram ser o Mr. Black, então, desta vez, sou eu quem escolho!

E é nessa simples fala, que Tarantino prova que é original, que não se rende a obviedades.

A direção é perfeita. Sem exageros! Sequências longas, ângulos incríveis e um manuseio de câmera inacreditável impressionam. A cena em que um personagem tortura um policial e sai para buscar gasolina na rua em um longo plano-sequência, é sensacional, um dos mais inteligentes e legais que já assisti. É lógico, que dirigir um roteiro próprio é muito mais fácil de dirigir um de terceiros, mas mesmo assim, Tarantino merece aplausos pela brilhante transpoisção de seu inteligente roteiro. A trilha sonora, marca. Muito bem escolhia e excelentemente editada às cenas do filme.

O elenco afiado, passando de um brilhante Harvei Keitel, até um sensacional e engraçado (mas nunca exagerado) Steve Buscemi, passando também por um Michael Madsen em plena forma e por um Tim Roth que aparece pouco, mas quando aparece rouba a cena. Ou seja, tudo está perfeito nesta obra-prima do cinema contemporâneo. E já é um clássico!

Diga-me, qual outro cineasta conseguiu este feito? Lançar um obra-prima logo na primeira tacada? São poucos. É, logicamente, um golpe de mestre.

Tarantino é mestre. Embora precise de umas aulas de humildade.


Nota: 10/10

Matheus Pereira

1 comentários:

Maravilhoso, Cães de Aluguel é o meu favorito. Sem dúvida, este filme é catapultada para a fama pelo renomado diretor, como os críticos aplaudiram e até mesmo seus dias é considerado um filme de culto, no entanto nas bilheterias não foi muito bem. Dois itens que caracterizam muito é a participação de Steve Buscemi e, claro, o diálogo banal, em que os personagens masculinos estão engajados. Great!

27 de novembro de 2014 às 16:20  

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