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Baseado em fatos verídicos. Essa expressão colocada no início de um filme imediatamente duplica meu interesse por ele, porque costuma garantir uma boa história.

Assim acontece com Grey Gardens, filme produzido no ano passado, estrelado por Jessica Lange e Drew Barrimore. Conta a vida atribulada e única de Edith Bouvier Beale e sua filha homônima, conhecida como Little Edie. Eram tia e prima da ex primeira dama dos EUA Jackelinne Kennedy Onassis.
Acostumadas a viver na riqueza, tiveram seu padrão de vida bruscamente modificado quando o marido de Edith a abandonou por outra mulher. Recusando-se a vender a imensa mansão de 14 quartos onde viviam e sem outra fonte de renda a não ser a reduzida pensão do ex marido, ambas tiveram que conviver com a contínua degradação da casa. Lixo, animais e mau cheiro estavam por toda parte e mãe e filha dividiam um minúsculo quarto, único cômodo ainda habitável .

Incomodados com o mau cheiro e a falta de conservação da residência, que ficava em um local nobre e cercado por mansões, os vizinhos denunciaram as duas à prefeitura.
Ao chegarem ao local, os fiscais se surpreenderam com o que viram, pois a casa não oferecia a menor condição de abrigar as duas residentes. Foram então intimadas a limpar o imóvel, ou então teriam que desocupá-lo.
A história, que foi parar nos jornais, chamou a atenção dos irmãos Maisley, famosos documentaristas que atingiram a fama ao fazer Gimme Shelter, documentário sobre a turnê dos Rolling Stones onde registraram o assassinato de um negro pelo grupo Hell Angels.
Ao chegarem a Grey Gardens, imediatamente perceberam o potencial da história que queriam contar. Edith e Little Edie viviam num completo estado de abandono e alienação, cercadas de lembranças e decadência. Começaram então uma série de entrevistas, nas quais ambas contavam suas memórias, ressentimentos, sonhos e frustrações. Mãe e filha acusavam-se mutuamente pela situação e, mesmo em meio aquilo tudo, o forte elo que as unia se evidenciava.

Little Edie rejeitara uma carreira e vários pretendentes, cedendo às constantes chantagens emocionais de sua mãe para permanecer com ela. Não tivera coragem de abandoná-la e assim, a linda e promissora jovem que ambicionara ser atriz e desfilara em passarelas internacionais, transformara-se numa personagem patética, consumida por lembranças de glória.
Mesmo em meio a miséria que as cercava mantinham seu ar aristocrático, e Little Edie constantemente improvisava roupas com xales, pedaços de tecido e até mesmo toalhas, procurando imprimir nelas todo o glamour da alta moda que um dia usara. Frequentemente era vista usando um turbante adornado com um broche, para esconder sua queda de cabelos provocada por forte stress.
As cenas nas quais canta e dança para registro dos documentaristas são tocantes, e mãe e filha deixam transparecer toda sua emoção por voltar a ser o foco das atenções. Com o destaque dado à história pela imprensa e o sucesso do documentário, conseguem ajuda da parente ilustre Jackeline Kennedy Onassis que financia a recuperação da casa onde ambas vivem até 1977 quando, com a morte de sua mãe, Little Edie muda-se para Nova York e depois para a Flórida onde vem a falecer aos 85 anos de idade.
A trágica história de co-dependência dessas duas mulheres tornou-se um fenômeno pop, e Little Edie, um ícone fashion. Referências a Grey Gardens aparecem constantemente na mídia e na moda. Foi também alvo de citações em seriados como Gilmore Girls, Will and Grace, L.World e até desenhos animados como Simpsons e Rugrats. Existem na Internet comunidades, sites e filmes feitos pelos fãs homenageando mãe e filha.
A história foi ainda transformada em um musical de sucesso da Broadway e o filme e as atuações de Drew Barrimore e Jessica Lange, indicados ao Prêmio Emmy. Ambos, filme e documentário, são imperdíveis. Big e Little Edie finalmente conseguiram recuperar todo o glamour de seus anos dourados.

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